quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O rei sábio


Conta-se que houve um rei, há muito tempo atrás, muito sábio e que não poupava esforços para ensinar bons hábitos ao seu povo.
Frequentemente fazia coisas que pareciam estranhas e inúteis, mas tudo o que fazia era para ensinar o seu povo a ser trabalhador e cauteloso.

- Nada de bom pode vir a uma nação - dizia ele - cujo povo reclama e espera que outros resolvam os seus problemas. Deus dá as coisas boas da vida a quem lida com os problemas por conta própria.

Uma noite, enquanto todos dormiam, ele pôs uma enorme pedra na estrada que passava pelo palácio. Depois foi se esconder atrás de uma cerca, e esperou para ver o que acontecia.Primeiro veio um lavrador com uma carroça carregada de sementes que levava para o moinho.
- Quem já viu tamanho descuido? - disse ele contrariado, enquanto desviava a sua carroça e contornava a pedra. – Porque é que esses preguiçosos não mandam retirar esta pedra da estrada? E continuou a reclamar da inutilidade dos outros, mas sem ao menos tocar, ele próprio, na pedra.

Logo depois, um jovem soldado apareceu a cantar pela estrada fora. A longa pluma do seu chapéu ondulava na brisa, e uma espada reluzente pendia da cintura. Pensava na incrível coragem que demonstraria na guerra e não viu a pedra, tropeçou nela e estendeu-se no chão. Ergueu-se, sacudiu o pó da roupa, pegou na espada e enfureceu-se com os preguiçosos que insensatamente haviam largado aquela enorme pedra na estrada. Então, também ele se afastou sem pensar uma única vez que ele próprio poderia retirar a pedra.

E assim correu o dia... Todos que por ali passavam, reclamavam e resmungavam por causa da pedra no meio da estrada mas ninguém a tocava.

Finalmente, ao cair da noite, a filha do moleiro passou por lá. Era muito trabalhadora e estava cansada, pois desde cedo andava ocupada no moinho, mas disse a si mesma:

- Já está a escurecer, alguém pode tropeçar nesta pedra e magoar-se gravemente. Vou tirá-la do caminho.
E tentou arrastar dali a pedra. Era muito pesada, mas a moça empurrou, empurrou, puxou, e inclinou, até que conseguiu retirá-la do lugar. Para sua surpresa, encontrou uma caixa debaixo da pedra. Ergueu-a. Era pesada, pois estava cheia de alguma coisa. Havia na tampa os seguintes dizeres: "esta caixa pertence a quem retirar a pedra".Ela abriu e descobriu que estava cheia de ouro!

O rei então apareceu e disse com carinho:
- Minha filha, com frequência encontramos obstáculos e fardos no caminho. Podemos reclamar em alto e bom som enquanto nos desviamos deles, se assim preferimos, ou podemos erguê-los e descobrir o que eles significam. A decepção, normalmente, é o preço da preguiça.

Então, o sábio rei montou no seu cavalo e, com um delicado “boa noite”, retirou-se.

Não há dor sem causa nem lágrimas sem procedência justa. Os nossos obstáculos de agora foram tecidos por nós mesmos.Tenhamos, pois, a coragem de eliminá-los a golpes de esforço próprio baseados na caridade, que é luz acesa no nosso roteiro de ascensão para Deus.

Autor desconhecido

Sem comentários: